O Referente Esteve Lá. O Referente Como Carne
DOI:
https://doi.org/10.21814/vista.4045Palavras-chave:
imagem, referente, guerra, carne, punctumResumo
Parte-se da constatação de que, apesar da mediação que implica e define os modos de relacionamento entre indivíduos e real, a realidade é incontornável. No entanto, e tendo em conta a diluição da importância do referente enquanto forma de legitimação da produção de imagens na passagem do século XIX para o século XX, e apesar da emergência da fotografia enquanto meio que implica a presença do referente, defende-se que a relação entre indivíduos e imagens se funda, em grande medida, numa relação entre estas duas entidades, que prescinde do referente, e que é esta relação, quando específica, que pode justificar aproximações como a do punctum, de Roland Barthes. Nesta aceção, existe um espaço, proposto pela imagem, que permite que, para lá dela, o sujeito se possa projetar, e que existe como definição da imagem enquanto superfície e profundidade. Como contraponto, aproxima-se a situação das imagens à situação do corpo e, através desta comparação, defende-se que a importância e realidade do referente, como “coisa em si”, existe quando a imagem não consegue controlar o excesso que o referente é, tal como o corpo, quando não consegue controlar a carne, a torna visível. A imagem está para o corpo como o referente para a carne. As imagens de entes queridos, ou de atrocidades de guerra, são tidas como exemplo desta emergência do referente, como sintoma.
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