A Conversa Entre um Filme e Seu Espectador: Alcançando a Liberdade
DOI:
https://doi.org/10.21814/vista.4626Palavras-chave:
experiência estética, visão do artista, espectador cocriador, subjetividades direcionadasResumo
Neste artigo, pretende-se refletir sobre a importância do espectador na construção de um processo dialógico com um filme. Para isso, parte-se da aparente necessidade de desconstrução dessa relação que, se inicialmente, pode ser vista como duas esferas interseccionadas, aos poucos tende a fundir-se em apenas uma, a ser rompida. Para a realização dessa análise, foi levada em consideração o ponto de partida da arte ou, em outra medida, a visão do artista, para que tais esferas sejam o reflexo de entendimentos subjetivos, mas claros, e para torná-las, de facto, visuais a partir de tanto. Nesse sentido, encontrou-se em Rancière (2008/2010) uma das perspetivas que considera um novo lugar para o espectador, o de “ativo cocriador”, com o poder de subverter as hierarquias estabelecidas e transformar a relação de poder entre a obra e o público. Simultaneamente, Bazin (1958/2014) pensa que o cinema é uma forma de representação da realidade que permite ao espectador experimentar a sensação de estar presente no mundo retratado na tela. Ora, a questão parece encorpa-se, ainda, ao explicitar-se a importância da sensação, do prazer estético, algo defendido por Sontag (1966/2020). Por tudo isso, parece necessário conceitualizar imageticamente as individualidades e como estas podem ser, minimamente e em caráter subversivo às proposições dos autores citados, direcionadas, para que o espectador se torne, de todo, parte do filme e possa sentir-se importante ao se dar conta de que faz parte do resultado: é quando se rompe a esfera final de dentro para fora, possibilitando uma experiência única de liberdade.
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