A imagem como ausência
DOI:
https://doi.org/10.21814/vista.2970Palavras-chave:
iconocracia, ideologia, imagem, poder da imagem, retóricaResumo
Desde a Antiguidade Clássica Grega, com Platão a conceber a imagem como sombra, reflexo e, depois, como representação em geral, até à contemporaneidade, com o conceito aberto de “imagem” a adquirir novas formas virtuais de projeção de luz a incidir em suportes materiais como a água ou o ar, muito já se refletiu sobre a imagem, mas também sobre a sua conceção e papel no mundo contemporâneo, cada vez mais global, virtual e, principalmente, mais visual e iconólatra. Os novos meios e processos de produção e consumo de imagens demonstram um desenvolvimento visual. A imagem suscita o uso exagerado de dispositivos e meios de produção/reprodução de imagem e conduz a uma iconolatria moderna, que regista todos os domínios da vida humana: os mais privados (imagens íntimas publicadas nas redes sociais) e os mais públicos (fotojornalismo de guerra); os mais banais (selfies) e os momentos e situações mais únicos (ecografias); os mais credíveis e os mais manipulados pelo “arranjo” da imagem pelo Photoshop. Neste artigo, parte-se do pressuposto de que a imagem é um signo; possui o poder de transitividade semântica de evocar realidades e referentes ausentes ou inexistentes. Pretende-se sustentar a tese de que a imagem é, de um modo suficiente e necessário, uma imagem-signo e que o seu poder reside na função de representação que ocorre como uma hierofania, i.e. uma ausência latente que se manifesta, porque os significados da imagem estão ocultos ou codificados na própria imagem.
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