Identidade, memória e a ecranização. O indivíduo e a experiência na era hipermoderna

Autores

  • Ana Oliveira Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), Universidade do Minho, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.21814/vista.3006

Palavras-chave:

identidade, memória, ecranização, experiência

Resumo

Enquanto aspetos indissociáveis, a identidade e a memória do indivíduo congregam uma importância social de grande relevo – enquanto molda o indivíduo, a memória é também moldada por ele e pela sua experiência. É através desta ligação e da dialética por elas produzida, que memória e identidade conduzem a trajetória da história do indivíduo e produzem a narrativa que traduz a sua essência.
A par disso, a crescente preponderância do ecrã no dia-a-dia tem vindo a ditar alterações profundas na vida socioeconómica e no próprio comportamento dos cidadãos. Nos ecrãs tudo flui, neles tudo ganha sentido – o real, o discurso e a imagem ganham forma. O poder decorrente e produzido pelo ecrã ultrapassa já, nos dias de hoje, o domínio da Comunicação – ocupa o lugar de centro de ação, de vida, centro performativo – lugar bem patente na máxima “se não passou na televisão, não aconteceu”.
Acreditando que a leitura feita dos acontecimentos e o modo como a experiência é vivida através do ecrã moldam a forma como o indivíduo constrói as suas memórias e a sua própria identidade, este artigo procura compreender a Comunicação como processo de construção de sentido para o Indivíduo, a construção da identidade do Eu através da ecranização da experiência e a influência do ecrã na construção da memória. Tomando como base os estudos da recepção (codificação/ descodificação), da memória e construção da memória, da identidade e reconhecimento, o intuito último deste trabalho é delinear pontos de cruzamento e alterações nas ligações existentes entre quatro aspetos-chave da investigação em Ciências da Comunicação – identidade, memória, ecranização e experiência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Almeida, H. (2012). A Sociedade dos Ecrãs: Entre Ver e Ser Visto. Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação – Comunicação, Marketing e Publicidade. Lisboa: Universidade Católica. Retirado de https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/10843/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_A% 20Sociedade%20dos%20Ecr%C3%A3s%20- %20Entre%20Ver%20e%20Ser%20Visto_Hugo%20Picado%20de%20Almeida%20FC H-UCP .pdf

Andrade, B. (2012). Imagem e memória - Henri Bergson e Paul Ricoeur. Revista Estudos Filosóficos, 9, 136-150.

Assmann, J. (2008). Communicative and cultural memory. In A. Erll & A. Nünning (Ed.), Cultural memory studies: an international and interdisciplinary handbook (pp. 109-118). Berlin; Nova Iorque: De Gruyter.

Baer, A. (2001). Consuming History and Memory Through Mass Media Products. European Journal Of Cultural Studies, 4, 491-501.

Barbosa, A. A. (2014). Protomemórias, Memórias e Metamemórias na Construção de Identidades. Revista Antropolítica, 37, 427-430.

Bergson, H. (1999). Matéria e memória, 2a ed. São Paulo: Martins Fontes.

Bergson, H. (2006). Matéria e Memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins e Fontes.

Bommas, M. (2011). Cultural Memory and Identity in Ancient Societies. London: Continuum International Publishing Group.

Candau, J. (2012). Memória e Identidade. Tradução: Maria Letícia Ferreira. São Paulo: Contexto

Candau, J. (2009). Bases antropológicas e expressões mundanas da busca patrimonial: memória, tradição e identidade. Revista Memória em Rede, 1(1), 43-58.

Candau, J. (2008). Memoria e Identidad. Buenos Aires: Ediciones Del Sol.

Costa, P., Lipovetsky, G. & Serroy, J. (2010). O Ecrã Global. Revista de Estudos da

Comunicação, 17, 129-132.

Davis, H. (2004). Understanding Stuart Hall. London: Sage Publications.

Deleuze, G. (1999). A imagem-tempo. Cinema 2. Trad. de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense.

Dijck, J. V. (2007). Mediated Memories in the Digital Age. Stanford: Stanford University Press.

Garde-Hansen, J., Hoskins, A. & Reading, A. (2009). Save As... Digital Memories. London: Palgrave Mcmillan.

Garde-Hansen, J. (2011). Media and Memory. Edinburgh: Edinburgh University Press.

Gastaldo, É. (2008). Goffman e as relações de poder na vida Cotidiana. Rbcs, 23(68), 149-199.

Goffman, I. (2002). A Representação do Eu na Vida Cotidiana. Editora Vozes. Petrópolis.

Halbwachs, M. (1992). On Collective Memory. Chicago: University Chicago Press. Halbwachs, M. (2004a). A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro.

Halbwachs, M. (2004b). Los marcos sociales de la memória. Barcelona: Antropos. Hall, S. (2005). A identidade cultural na pósmodernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora.

Hall, S (1996). The Question of Cultural ldentity. In S. Hall, D. Held, D. Hubert & K. Thompson, Modernity - An introduction to Modern Societies (pp. 596-632). New Jersey: Wiley-Blackwell

Hall, S. (1994). Cultural identity and diaspora. In P. Williams & L. Chrisman, Colonial discourse and post-colonial theory: a reader (pp.227-237). London: Harvester Wheatsheaf.

Lipovetsky, G. & Serroy, J. (2007). O Ecrã Global. Lisboa: Edições 70.

Lipovetsky, G. & Serroy, J. (2008). A cultura-mundo: a resposta a uma sociedade desorientada. Lisboa: Edições 70.

Menezes, U. B. de. (1984). Identidade Cultural e Arqueologia. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 20. Retirado de http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=Acervo01drive_nTrbsRevIPH ANRevIPHAN.docpro&pesq=identidade%20cultural%20e%20patrimonio%20arqueologico

Meneses, U. B. de. (1992). A história, cativa da memória?: para um mapeamento da memória no campo das Ciências Sociais. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 34, 9-23.

Meyers, O., Neiger, M., Zandberg, Hoskins, Sutton, J. (2011). On Media Memory: Collective Memory in a New Media Age. Nova Iorque: Palgrave Macmillan.

Mirzoeff, N. (2003). Una introducción a la cultura visual. Barcelona, Espanha: Paidós.

Neves, P. (1999). Henri Bergson - Matéria e Memória. Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes.

Neves, W. (2012). Resenha de Lipovetsky, Gilles & Serroy, Jean. A. Tela Global: Mídias Culturais e Cinema na Era Hipermoderna. Revista Aedos, 10(4), 173-175

Pollak, M. (1992). Memória e Identidade Social. Revista de Estudos Históricos, 5(10), 200-212.

Portelli, A. (2006). O massacre de Civitella Val di Chianna (Toscana: 29 de junho de 1944) mito, política e senso comum. In J. Amado & M. Ferreira, Usos e Abusos da História Oral. Editora FGV: Rio de Janeiro.

Weber, R. & Pereira, E. (2010). Halbwachs e a Memória: Contribuições à História Cultural. Revista Territórios e Fronteiras, 3 (1) 104-126.

Rodrigues, D. (2011). Patrimônio Cultural, Memória Social e Identidade: uma abordagem antropológica. Revista Ubimuseum, 1, 1-8.

Santos, M. J. (2015). Os Tempos Hipermodernos, Segundo Gilles Lipovetsky. Revista Artciencia.Com, 18, sp.

Silveira, J. A. & Grecco dos Santos, R. C. (2016). História oral e memória: construindo novas fontes de pesquisa sobre a Faculdade Católica de Filosofia de Rio Grande (1960- 1969). Momento, 25(2), 79-97.

Thompson, J. (2005). The New Visibility. Theory, Culture & Society, 22(6): 31-51.

Downloads

Publicado

2018-06-26

Como Citar

Oliveira, A. . (2018). Identidade, memória e a ecranização. O indivíduo e a experiência na era hipermoderna. Vista, (2), 264–283. https://doi.org/10.21814/vista.3006