“De Repente, a Esperança”: Análise Semiótica de uma Capa da Revista Noticiosa The Economist

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/vista.3522

Palavras-chave:

capa de revista, imagem, semiótica da cor, teoria do signo, The Economist

Resumo

Propomo-nos fazer a análise semiótica da capa da revista noticiosa The Economist, de novembro de 2020, intitulada “Suddenly, Hope” (De Repente, a Esperança). Sendo este o nosso objetivo, partimos da conceção triádica do signo, de inspiração peirceana (Peirce, 1960), assim como da demonstração, realizada por Saussure (1916/2006), de que cada signo está vinculado à estrutura que significante e significado compõem, pelo que estas dimensões não podem ser consideradas isoladamente. Mas o ponto de vista que privilegiámos é o de que a produção de sentido ocorre sempre em condições concretas de tempo, espaço e interlocução. Sendo este o ponto de partida para a análise, identificámos a cor da imagem retratada na capa do The Economist como o principalelemento de análise. Foi Goethe (1810/1840) quem apresentou a cor como oprincipal elemento da perceção humana, com capacidade para induzir um efeito significativo na alma do recetor da mensagem, ou seja, no interpretante, para utilizarmos a conceção do signo, proposta por Peirce (1960). A análise da imagem presente na capa do The Economist remete para o contexto social atual de pandemia, causada pelo vírus SARS-CoV-2. A imagem de capa do The Economist conduz-nos, ainda, à teoria da liminaridade, de Victor Turner (1969/1974). Essa sugestão decorre da ideia formulada, no sentido de a sociedade atravessar o túnel, como quem empreende um rito de passagem para uma sociedade melhor.

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Biografias Autor

Cláudia M. Botelho, Centro de Engenharia Biológica, Escola de Engenharia, Universidade do Minho, Braga, Portugal

Claudia M. Botelho é investigadora do Centro de Engenharia Biológica. Terminou o seu doutoramento em 2005 em ciências de engenharia, pela Universidade do Porto em colaboração com a Universidadede Cambridge no Reino Unido. Claudia M. Botelho tem focado a sua investigação no desenvolvimento de terapias personalizadas, já que cada paciente é único. Recebeu várias distinções internacionais, orientou vários alunos de mestrado e doutoramento. É autora e coautora de diversas publicações em revistas científicas indexadas, assim como de capítulos de livros da área biomédica. Em 2015, assumiu a presidência da Associação Nacional de Investigadores em Ciência eTecnologia, colaborando no desenvolvimento de políticas científicas, por forma a dignificar a carreira de investigador e a tornar o sistema científico nacional sustentável. É durante esta fase que se começou a interessar pelas ciências da comunicação, estando neste momento a desenvolver a sua segunda tese de doutoramento nesta área.

Moisés de Lemos Martins, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal

Moisés de Lemos Martins é professor catedrático do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho. Dirige o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, que fundou em 2001. É diretor da revista Comunicação e Sociedade, da Revista Lusófonade Estudos Culturais e da Vista. Doutorado pela Universidade de Estrasburgo em ciências sociais (na especialidade de sociologia), em 1984, tem publicado, no âmbito da sociologia da cultura, semiótica social, sociologia da comunicação, semiótica visual, comunicação intercultural e estudos lusófonos. Dirigiu, durante 10 anos, o Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (de 1996 a 2000, e de 2004 a 2010). Presidiu à Associação Portuguesa de Ciências daComunicação, de 2005 a 2015; à Federação das Associações Lusófonas de Ciências da Comunicação, de 2011 a 2015; e à Confederação Ibero-Americana das Associações Científicas e Académicas de Comunicação, de 2012 a 2015.

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Publicado

2021-11-29

Como Citar

Botelho, C. M., & Martins, M. de L. (2021). “De Repente, a Esperança”: Análise Semiótica de uma Capa da Revista Noticiosa The Economist. Vista, (8), e021011. https://doi.org/10.21814/vista.3522

Edição

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