Armando de Almeida. Lição de Resistência na Cultura de Corrida Portuguesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/vista.5525

Palavras-chave:

Armando de Almeida, antirracismo, arquivo, cultura de corrida, cultura visual

Resumo

Em março de 1913, Armando de Almeida venceu a maratona da “Semana Desportiva” do jornal O Mundo. Em maio do mesmo ano repetiu a proeza ao vencer a maratona dos Jogos Olímpicos Nacionais, na altura, a mais importante competição de atletismo no país. Por essas vitórias, é considerado o campeão nacional da maratona para o ano de 1913 pela Federação Portuguesa de Atletismo. Recordemos que a Federação Portuguesa de Atletismo só existe formalmente desde 1921. É, conjuntamente, num contexto de grande perturbação político-social e num ecossistema elitista, programaticamente desestruturado, que Armando de Almeida se destaca do grupo matricial de atletas que tomavam parte nestas novas formas de lazer e demonstrações de cultura de massas — as corridas pedestres de longa distância. A sua presença ativa na cultura de corrida da metrópole é contemporânea com a origem e constituição do movimento negro (1911–1933) — pioneiro no combate político antirracista em Portugal.

Neste texto, que tem como ponto de partida o resgate de fotografias e narrativas dos primórdios da história e da memória do atletismo português, procuramos biografar Armando de Almeida, num exercício simultâneo de empatia e militância como contributo para o debate, contrariando invisibilidades consequentes de negligências historiográficas. Tentamos, também, reconstituir a possibilidade de articulação entre os percursos emancipatórios do atleta com a organização de movimentos políticos e sociais no tumultuoso momento histórico da Primeira República, numa capital de império colonial, com expressiva presença de pessoas afrodescendentes, esse fenómeno histórico plurissecular.

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Biografias Autor

Luís Camanho, Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura, Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto, Porto, Portugal

Luís Camanho atua nas áreas do design gráfico e editorial, teoria e história da fotografia, narrativas da imagem, cultura visual e cultura de corrida. Frequenta o programa doutoral em Design do Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com bolsa de investigação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

José Carneiro, Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura, Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto, Porto, Portugal

José Carneiro é professor auxiliar na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). É vogal do Conselho Executivo da FBAUP e diretor do mestrado em Design da Imagem (FBAUP). É diretor do Centro de Estudos em Design e Arte (FBAUP). É doutorado em Arte e Design pela FBAUP (2014). É investigador integrado no Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura e colabora com o Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade. É autor de vários artigos científicos e tem participado regularmente em conferências nacionais e internacionais. Desenvolve trabalho artístico e de design de comunicação. É autor do projeto Records & Photographs e do programa de rádio “Clube da Esquina”.

Susana Lourenço Marques, Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade, Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto, Porto, Portugal

Susana Lourenço Marques é professora associada na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e doutorada em Comunicação e Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. É investigadora integrada do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade/Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e autora dos livros Ether/Um Laboratório de Fotografia e História (Dafne, 2018) e Pó, Cinza, Nevoeiro - Um Ensaio Sobre a Ausência (2018), tendo coeditado Livros de Fotografia em Portugal: Da Revolução ao Presente (2023), Lágrimas de Crocodilo – Fotografia e Crítica em Portugal 1980-2000 (2022) e Pedagogy of the Streets: Porto 1977 (2018). Como curadora destacam-se as exposições: “Quem Te Ensinou? Ninguém”, de Elvira Leite (2016), “Galeria Portátil PLF” (2018), “Imagem/Técnica”, "Os Inventários de Emilio Biel" (2020), "Opacity of Water" (Opacidade da Água; 2021), "Loss of Aura" (Perda da Aura; 2022), "Eternal Youth" (Juventude Eterna; 2023) e "No Tempo dos Dias Lentos" (2023). Cofundou em 2014 a editora Pierrot le Fou (https://www.pierrotlefou.pt).

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Publicado

2024-04-03

Como Citar

Camanho, L., Carneiro, J., & Marques, S. L. (2024). Armando de Almeida. Lição de Resistência na Cultura de Corrida Portuguesa. Vista, (13), e024003. https://doi.org/10.21814/vista.5525

Edição

Secção

Artigos Temáticos