History Portraits de Cindy Sherman: Crítica à Idealização das Representações Canônicas Propostas Pela História da Arte

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/vista.6307

Palavras-chave:

Cindy Sherman, fotografia, grotesco, identidade, retratos

Resumo

Este artigo analisa a série de fotografias History Portraits (Retratos Históricos), criada por Cindy Sherman nos anos 1988–1990, com o objetivo de compreender melhor as estratégias utilizadas pela artista americana para produzir imagens que podem ser entendidas como uma crítica ao sistema de representação canônico imposto por instituições consagradas, como as escolas de artes e os museus. Sherman entende que esse sistema não é formado por imagens “naturais” ou “inocentes”, mas por figuras idealizadas que têm influenciado a identidade da cultura ocidental há séculos. Nesse texto será usado como referência o conceito desenvolvido por Shearer West (2004) de que um “retrato” é uma importante forma de representação cultural, capaz de expressar o caráter, a personalidade, a posição social, a profissão, a idade e o gênero do modelo. Foram utilizados como ferramentas analíticas os conceitos de “retrato” (West, 2004), “grotesco” (Bakhtin, 1965/2010; Kayser, 1957/2013), “identidade” (Butler, 1990/2017; Giddens, 1999/2002; Hall, 1996/2006) e a compreensão da arte a partir da perspectiva de Danto (2003/2015a, 1986/2015b). Para analisar esses retratos, foi utilizado um método que parte dos parâmetros definidos por Erwin Panofsky (1955/2002) e define basicamente dois momentos: um em que predomina a análise comparativa e outro em que predomina uma síntese interpretativa. Por meio dessas análises, percebeu-se que Sherman utiliza o grotesco nas fotografias dessa série como um recurso retórico para questionar os estereótipos veiculados por imagens consagradas pela história da arte.

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Biografia Autor

André Melo Mendes, Departamento de Comunicação Social, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil

André Melo Mendes é professor associado do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais. É pesquisador do Grupo INTERMÍDIAS e GRIS da Universidade Federal de Minas Gerais. É autor dos livros O Amor e o Diabo na Obra de Angela Lago (Editora UFMG), Mapas de Arlindo Daibert (Editora C/arte), Metodologia Para Análise de Imagens Fixas (Selo PPGCOM/UFMG) e Imagens do Poder (Selo PPGCOM/UFMG).

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Publicado

2025-09-18

Como Citar

Melo Mendes, A. (2025). History Portraits de Cindy Sherman: Crítica à Idealização das Representações Canônicas Propostas Pela História da Arte. Vista - Revista De Cultura Visual, (16), e025015. https://doi.org/10.21814/vista.6307