Chamada de Trabalhos | Estética em Angústia: Violência de Género e Cultura Visual (N.º 10) | Encerrada
Editoras temáticas: Ece Canli (CECS, Universidade do Minho, Portugal) e Nicoletta Mandolini (CECS, Universidade do Minho, Portugal)
A violência baseada no género (VBG), uma questão social que envolve atos de abuso físico, sexual e/ou psicológico exercido sobre uma pessoa com base no seu género, continua a ser um dos problemas mais persistentes e desafiantes do nosso tempo. Por um lado, as últimas décadas foram testemunhas de uma crescente visibilidade e consciência pública da violência baseada no género, graças ao ativismo feminista, queer e trans*, aos esforços anti-violência a nível local, às mobilizações nos média sociais, às promulgações de justiça transformadora, e à importante mudança impulsionada pelo movimento #MeToo. Por outro lado, a alteração da face e amplitude da violência, associada à intricada intensidade das comunicações digitais, a crescente precariedade financeira, as turbulências políticas e crises ambientais à escala mundial, as contínuas práticas coloniais de apropriação de terras, os conflitos armados e as consequentes deslocações desenfreadas, bem como a recente pandemia da COVID-19, expuseram grupos vulneráveis à violência baseada no género em locais que não são apenas casas, ruas e locais de trabalho, mas também o ciberespaço, campos, centros de detenção, complexos industriais, prisões, fronteiras, entre outros. Perante a severidade e complexidade de um fenómeno tão profundamente enraizado que urge abordar, examinar e contrariar, com esta secção temática, pretendemos proporcionar uma plataforma de investigação académica, artística e ativista na intersecção dos estudos da violência baseada no género e da cultura visual. A modalidade visual foi sempre crucial para a perpetuação e resistência à ordem simbólica patriarcal na origem da violência sexista. As artes visuais e os média como o cinema, pintura, artes plásticas, banda desenhada, publicidade e design têm sido notoriamente reconhecidos como espaços de reprodução da VBG através da representação tendenciosa de categorias binárias de género, o infame olhar masculino, a objetificação de corpos femininos/de género não conformes, e a fetichização da violência. Paralelamente, durante o último meio século, o visual atingiu um estatuto de campo de batalha privilegiado para intervenções culturais realizadas por artistas feministas, LGBTQI+, artistas interseccionais e descoloniais e ativistas dos média, com interesse em confrontar, e possivelmente subverter, o referido regime sexista de representação.
Para esta secção temática, convidamos a comunidade académica a submeter propostas de artigos, recensões, entrevistas e projetos visuais (em formato de texto completos) que integrem questões de representação, materiais e afetivas da violência baseada no género. Dá-se especial acolhimento a propostas que versem sobre os seguintes temas:
- investigação fundamentada na arte sobre violência de género de campos artísticos na área da visualidade e representação (por exemplo, artes plásticas, artes performativas, cinematografia, artes multimédia, etc.);
- a violência de espetadores, o olhar masculino e a escopofilia no cinema e nas narrativas visuais;
- as possibilidades e o poder do olhar feminino, do olhar queer e do olhar oposicionista;
- investigação baseada na prática sobre a materialidade da violência baseada no género através de meios desenhados (por exemplo, imagens, objetos, símbolos, espaços e construções digitais);
- o aspeto visual da (des)colonialidade do género e das narrativas visuais das margens;
- a dimensão simbólica da violência de género nos média sociais e na cultura visual;
- representações da violência corporificada (por exemplo, violência reprodutiva, abuso de injúrias, exploração laboral, violência doméstica, agressão sexual);
- visualização e materialização da violência contra mulheres, raparigas, LGBTQAI+, pessoas não binárias e trans* nas artes e nos média;
- o papel e as performatividades das feminilidades e masculinidades no contexto da violência baseada no género;
- a interseccionalidade da violência baseada no género nas artes, nos média e na cultura visual;
- investigação histórica ou análise atual dos aspetos visuais da violência baseada no género;
- retrato e perpetuação da violência baseada no género em plataformas de comunicação digital e novos média;
- artes, design e média sociais como domínios contra-hegemónicos e emancipatórios para combater a violência baseada no género.
DATAS IMPORTANTES
Submissão (texto completo): de 1 de maio a 30 de julho
Submissão (texto completo) | nova data: 15 de setembro
Publicação do número: edição contínua (julho a janeiro de 2022)
LÍNGUA
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