Preservando a Memória das Pedras
DOI:
https://doi.org/10.21814/vista.2999Palavras-chave:
fotogrametria, afloramentos, sociedades pré-históricas e pré-modernas, gravuras,Resumo
Para as comunidades do passado o mundo “físico” seria entendido como cheio de propriedades significantes. No seguimento dos trabalhos de Ingold (2000), Bradley (2000, 2009), ou Scarre (2009), o que hoje vemos como material inerte seria considerada “viva”. Essa será a presente perspetiva de abordagem. Certos afloramentos naturais estão associados a lendas ou crenças muitas vezes ligadas a criaturas mágicas ou estranhas “habitando” no seu interior ou “vivendo” entre eles o que, em muitos casos, converge na determinação de um lugar com denominação. Tal como as pessoas, os afloramentos podem ser vistos como entidades que podem e fazem a diferença, atuando como agentes que corporizam significados e histórias (Tilley, 2002, 2004), consequentemente passados ao longo de gerações.
Durante a Pré-História alguns afloramentos foram gravados com motivos; outros, pela sua forma peculiar ou estranha, formaram parte de mitos históricos e de folclore. Em ambos os casos os afloramentos funcionaram como contentores de memória.
Pretende-se focar a importância da fotogrametria e do registo tridimensional deste tipo de património cultural (frequentemente em risco de destruição), mostrando o potencial desta ferramenta na inventariação e no estudo deste tipo de lugares de memória.
Muitos casos de estudo apresentados foram objeto de análise em diferentes projetos, desenvolvidos de acordo com metodologias da Arqueologia e Antropologia Cultural aplicadas ao Noroeste da Ibéria.
Este tipo de trabalho é fundamental tendo em conta a interpretação e o entendimento do papel dos afloramentos para as sociedades humanas e o seu contributo para a construção das paisagens pré-históricas e presentes.
Downloads
Referências
Bettencourt, A.M.S.; Abad-Vidal, E.; Rodrigues, A. (2017). Cvarn - Rock Art Virtual Corpus of North-western Portugal. A Multimedia tool to investigate and describe Post- Palaeolithic Rock Art. In A. M. S. Bettencourt, M. Santos-Estevez, H.A. Sampaio & D. Cardoso (Eds.), Recorded Places, Experienced Places. The Holocene Rock Art of the Iberian Atlantic Northwest. British Archaeological Reports – BAR, Oxford: Archeopress.
Bradley, R. (2000). An Archaeology of Natural Places. Londres and Nova Iorque: Routledge.
Bradley, R. (2009). Dead stone and living rock. In B. O’Connor, G. Cooney & J. Chapman (Eds.), Materialitas. Working Stone, Carving Identity [Prehistoric Society Research Paper 3] (pp. 1-8). Oxford: The Prehistoric Society/Oxbow Books.
Cabralles López, M. & Lerma García, J. L. (2013). Documentación 3D de abrigos rupestres a partir de laser escáner y de procesos fotogramétricos automatizados. VAR, 4(8), 64-68.
Connerton, P. (1989). How societies remember. Cambridge: Cambridge University Press.
Feld, S. & Basso, K.H. (1996). Senses of Place. New Mexico: School of American Research Press.
Gosden, C. (2009). Afterword. In B. O’Connor, G. Cooney, J. Chapman (Eds.), Materialitas. Working Stone, Carving Identity [Prehistoric Society Research Paper, 3] (pp. 181-184). Oxford: The Prehistoric Society/Oxbow Books.
Halbwachs, M. (1925/1975). Les cadres sociaux de la mémorie. Nova Iorque: Arno.
Halbwachs, M. (1950/1992). On Collective Memory. Ed. e trad. L.A. Coser. Chicago: University of Chicago Press.
Hutton, P. (1993). History as an Art of Memory. Hanover: University of Vermont Press.
Ingold, T. (2000). The Perception of the Environment: Essays in Livelihood, Dwelling and Skill. Londres: Routledge.
Kipnis, R.; Santos, H.; Tizukal, M.; Almeida, M. & Corga, M. (2013). Aplicação das tecnologias de modelagem 3D conjugada às técnicas tradicionais para o registro das gravuras rupestres do rio Madeira, Rondônia, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 8 (3): 605-619.
Lerma García, J. L.; Cabralles López, M.; Navarro Tarín, S.; Segui Gil, A. E. (2013). Modelado fotorrealístico 3D a partir de procesos fotogramétricos: láser escáner versus imagen digital. Cuadernos de Arte Rupestre 6: 85-90.
Moreira, J.; Bettencourt, A. M. S.; Santos-Estévez, M. (2016, 30 de novembro). “Penedo de S. Gonçalo (boulder of Saint Gonçalo), Felgueiras, NW Portugal. A long life of a rock art place”. Poster apresentado no Simpósio Internacional Images in Stones, Braga.
Rogerio Candelera, M. A. (2008). Una propuesta no invasiva para la documentación integral del arte rupestre. Sevilha: Instituto de Recursos Naturales y Agrobiología de Sevilla (IRNAS).
Ruiz Sabina, J. A.; Gutiérrez Alonso A.; Ocaña Carretón, A.; Farjas Abadía, M.; Domínguez Gómez, J. A. & Gómez Laguna, A. J. (2015). Aplicación de la fotogrametría aérea por dron al estudio y documentación del arte rupestre y análisis por medioe digitales: los grabados de la Laguna Tinaja (Lagunas de Ruidera, Albacete) desde un nuevo punto de vista. ARKEOS, 37: 2075-2077.
Santos-Estévez, M. & Bettencourt, A. M. S. (2017). O conjunto de gravuras rupestres de Santo Adrião (Caminha, Portugal). Embarcações, armas, cavalos e ex-votos. Livro de Actas do II Congresso da Associação dos Arqueólogos Portugueses (pp. 1055-1070). Lisboa: Associação dos Arqueólogos Portugueses.
Santos-Estevez, M.; Bettencourt, A.M.S.; Sampaio, H.A.; Brochado, C.; Ferreira, G. (2017). Shape and meaning: engraved weapons as materialisations of the Calcolithic / Early Bronze Age cosmogony in NW Iberia. In A. M. S. Bettencourt, M. Santos-Estevez, H.A. Sampaio, D. Cardoso (Eds.), Recorded Places, Experienced Places. The Holocene Rock Art of the Iberian Atlantic Northwest (pp. 151-166). British Archaeological Reports – BAR, Oxford: Archeopress.
Sahlins, M. (1972). Stone Age Economics. Chicago: Aldine Atherton Inc.
Salhins, M. (1988). Cosmologies of Capitalism: the TransPacific Sector of “The World System”. Proceedings of the British Academy, 74: 1-51.
Scarre, C. (2009). Stones with character: animism, agency and megalithic monuments. In B. O’Connor, G. Cooney, J. Chapman (Eds.), Materialitas. Working Stone, Carving Identity. [Prehistoric Society Research Paper, 3] (pp. 9-18). Oxford: The Prehistoric Society/Oxbow Books.
Thomas, J. (2001). Archaeologies of Place and Landscape. In I. Hodder (ed.) Archaeological Theory Today. Cambridge: Wiley, 165-186.
Thomas, J. (2006). From dwelling to building. In V. O. Jorge, J. Muralha-Cardoso, A. Vale, G. L. Velho, L. Pereira (Eds.), Approaching “Prehistoric and Protohistoric architectures” of Europe from a Dwelling perspective. Porto: ADECAP.
Tilley, C. (2002). Metaphor, materiality and interpretation. In V. Buchli (Ed.), The Material Culture Reader (pp. 23-26). Oxford: Berg.
Tilley, C. (2004). The Materiality of Stone: explorations in Landscape Archaeology. Oxford University Press: Berg.
Tyler, E.B. (1871). Primitive Culture: researches into the development of Mythology, Philosophy, Religion, Art, and Custom. London: John Murray.
Van Dyke, R. M. & Alcock, S. E. (2003). Archaeologies of Memory: an introduction. In R. M. Van Dyke & S. E. Alcock (Eds.) Archaeologies of Memory (pp. 1-13). Oxford: Wiley.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os autores são titulares dos direitos de autor, concedendo à revista o direito de primeira publicação. O trabalho é licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.