A Experiência-Cinema Como um Currículo: Cartografando Masculinidades Dissidentes em Boi Neon (2015)
DOI:
https://doi.org/10.21814/vista.3646Palavras-chave:
cinema, masculinidades, cultura visual, currículo, cartografiaResumo
Em meio ao agreste pernambucano no nordeste do Brasil, um corpo macho se coloca em trânsito no pleno movimento de um território de intensidades, o que provoca abalos nos modos como são construídas as identidades de gênero e de sexualidade. Com o objetivo de cartografar os processos de subjetivação das masculinidades que escapam aos modelos hegemônicos e inspirado nas contribuições da filosofia da diferença, da cultura visual e da teorização pós-crítica da educação, lanço meus olhos e dou espaço ao meu “corpo vibrátil” (Rolnik, 1989) para ler algumas cenas de Boi Neon (2015), filme dirigido por Gabriel Mascaro e um dos representantes do novo cinema pernambucano, que narra a história de Iremar, um vaqueiro que sonha em se tornar estilista. O argumento desenvolvido no texto é o de que uma experiência-cinema é potente para a promoção de encontros que nos dessubjetivam, fazendo-nos provar existências mais afirmativas. Como considerações finais, entendo que o boi neon, figura mágica que surge na narrativa do filme, simboliza o próprio Iremar, que em meio aos retalhos coloridos e aos destroços do lixão da moda, emerge com sua potência transformadora de mundos cotidianos, ainda que resguardados na localização de uma existência lida como insignificante. Iremar é o boi neon do agreste pernambucano, aquele que por meio do corpo bruto, da couraça aparentemente inquebrável, revela a sensibilidade e a ternura de um modo de vida masculino em seu devir-mulher.
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