(Re)parar as Violências Coloniais Contra as Mulheres: Revisitar Mulheres Sempre Presentes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/vista.5528

Palavras-chave:

retrato de mulheres, antropologia física, bertillonage, ressignificação, reparação

Resumo

Este ensaio retoma o projeto Mulheres Sempre Presentes, realizado para a exposição “O Impulso Fotográfico. (Des)arrumar o Arquivo Colonial”. A proposta ressignifica fotografias analógicas de antropologia física colonial portuguesa através de procedimentos de descontextualização e recontextualização, tentando interromper a reprodução de estereótipos negativos sobre as mulheres negras fotografadas, os quais abundam no arquivo das missões de antropologia colonial de onde os retratos foram selecionados. A escolha de retratos de mulheres pretende homenagear a sua presença nas longas lutas levadas a cabo pelas populações negras em diversos momentos da história e afirmar o seu papel de agentes do processo histórico, em sociedades patriarcais, tanto europeias como africanas tradicionais, que tendem a relegá-las para segundo plano. O ensaio conjuga, ainda, diferentes vozes e reflexões das suas autoras, sob influência do texto de Spivak (1988/2021) Pode a Subalterna Tomar a Palavra?, que aborda as condições de fala e de escuta das mulheres e interroga a sua condição de subalternidade.

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Biografias Autor

Teresa Mendes Flores, Instituto de Comunicação da NOVA, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa, Lisboa, Portugal

Teresa Mendes Flores (Moçambique, 1969), mulher branca, é investigadora no Instituto de Comunicação da NOVA, onde integra a vice-coordenação do grupo de investigação Cultura, Mediação e Artes e a direção do Centro. É investigadora na área da cultura visual, história da fotografia e dos média óticos, leciona nas áreas da semiótica, arqueologia dos media e teoria da imagem. É coeditora da Revista de Comunicação e Linguagens, editada pelo Instituto de Comunicação da NOVA. Foi investigadora responsável pelo projeto Photo Impulse.

Soraya Vasconcelos, Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias, Universidade Lusófona, Lisboa, Portugal

Soraya Vasconcelos (1977) é artista plástica, docente, investigadora; formada em Pintura (2002, Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa), estudou também Fotografia e Filosofia e doutorou-se na área das artes visuais (2014, Universidade do Algarve). Leciona no curso de Fotografia da Universidade Lusófona (https://doi.org/10.54499/UIDB/05260/2020). Foi investigadora contratada pelo Instituto de Comunicação da NOVA para o projeto O Impulso Fotográfico, no qual desenvolveu propostas de investigação artística. A sua prática é multidisciplinar, mas realça a fotografia e a edição.

Catarina Mateus, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal

Catarina Mateus (Portugal, 1975) é conservadora-restauradora de fotografia desde 1997. Foi conservadora e curadora das coleções de fotografia do Instituto de Investigação Científica Tropical e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência. É mestre em Conservação Preventiva pela Universidade de Northumbria, tem formação superior em conservação e restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar e pós-graduação em fotografia pelo Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing. É membro do projeto Photo Impulse.

Carmen Loureiro Rosa, Arquivo de Documentação Fotográfica, Direção Geral do Património Cultural, Sacavém, Portugal

Carmen Maria Loureiro Rosa (Angola, a viver em Portugal desde 1979) é formada em História, com especialização na área de documentação, exerce funções como técnica superior do quadro, na Direção-Geral do Património Cultural/Arquivo de Documentação Fotográfica, área de arquivo fotográfico/conservação de fotografia. Preocupada e sensível às questões de direitos humanos e igualdade de género, colaborou, a convite de Joana Pontes, no projeto Visões do Império, que inclui exposição e catálogo, em que participou no núcleo intitulado “O [Outro] Arquivado”. Em 2022 integrou a curadoria participativa da exposição “Impulso Fotográfico. (Des)arrumar o Arquivo Colonial” no núcleo Mulheres Sempre Presentes. Desenvolveu programação paralela na exposição, sobre o mesmo tema. Enquanto música, programou a vinda à exposição do grupo de gospel Coro Alegria e do grupo de jazz GeraJazz, do projeto Orquestra Geração.

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Publicado

2024-06-04

Como Citar

Flores, T. M., Vasconcelos, S., Mateus, C., & Rosa, C. L. (2024). (Re)parar as Violências Coloniais Contra as Mulheres: Revisitar Mulheres Sempre Presentes. Vista, (13), e024008. https://doi.org/10.21814/vista.5528

Edição

Secção

Projetos Visuais