De JODI a AIDOJ: "Disrupção" da Arte da Internet por Inteligência Artificial
DOI:
https://doi.org/10.21814/vista.5840Palavras-chave:
inteligência artificial, processos de criação, web arte, net art, internet artResumo
Este artigo tece reflexões em torno de idiossincrasias das ferramentas recentes de inteligência artificial (IA) disponíveis na internet com o objetivo de criar uma obra de arte para a internet chamada AIDOJ (2023). Consideram-se os vieses decorrentes dos elementos intrínsecos destas ferramentas — os princípios estatísticos e a leitura de dados preexistentes — bem como o caráter massivo envolvido. Assim, estas ferramentas tenderiam a ser esteticamente conservadoras (Martín Prada, 2024) e a promoverem versões “medianas” de linguagem (Weatherby, 2023), reforçando o que é convencional e hegemônico. Daí, acreditando que o campo da arte é um espaço potente para refletir de forma crítica sobre implicações da tecnologia, em primeiro lugar, nos deparamos com o termo “disruptivo” — cujo sentido atual denota uma rebeldia contida e “vendável” —, desavisadamente definindo um dos percursos mais transgressores da história da arte da internet, o duo europeu JODI — composto por Joan Heemskerk e Dirk Paesmans; em seguida, instigamos um dos mais populares sistemas de IA para que gere outputs criativos tão caóticos e subversivos quanto JODI. Neste processo, a reunião de uma centena de outputs gerados — neste caso, páginas criadas em HTML — compõe um trabalho de arte para a internet. Então, a obra é realizada e enquanto resultado reflexivo, AIDOJ traz questões acerca da criação artística com sistemas de IA, revelando criticamente a pusilanimidade estética destes sistemas.
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