São Muitas as Possibilidades e Impossibilidades que Habitam Esse Mundo: Uma Reflexão Sobre o Tempo Espiralar e a "35.ª Bienal de São Paulo”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21814/vista.5530

Palavras-chave:

tempo espiralar, Leda Maria Martins, “Bienal de São Paulo”, Coreografias do Impossível, descolonizar os museus

Resumo

A compreensão epistemológica do tempo espiralar, desenvolvida pela pensadora brasileira Leda Maria Martins (2021), oferece uma perspectiva restitutiva da experiência do tempo em sua forma espiralada e serve como inspiração para a concepção da “35.ª Bienal de São Paulo”, intitulada Coreografias do Impossível. Esta epistemologia, enraizada em práticas, poéticas e pensamentos Negros, traz movimentos desobedientes capazes de criar formas de se soltar das categorias estabelecidas pela matriz hegemônica colonial e de cruzar diferentes estratégias de sobrevivências, ritmos e ruptura. O interesse curatorial e educativo das Coreografias do Impossível em elaborar uma Bienal pensada a partir do tempo que espirala abre espaço para reflexões profundas sobre como propostas curatoriais podem se envolver em tentativas de gestos reparadores, ao mesmo tempo que se encontram cercadas de impossibilidades institucionais. Considerando que as instituições coloniais estão intrinsecamente ligadas a estruturas de poder, privilégio e lógicas de mercado, as tensões e contradições deste contexto informam as impossibilidades de descolonização das instituições. Diante dessas questões, esta escrita procura fazer uma leitura sobre as Coreografias do Impossível, refletindo sobre o trabalho curatorial e educativo da “35.ª Bienal de São Paulo” em articulação com a concepção do “tempo espiralar", ao mesmo tempo que oferece uma análise crítica das tensões e contradições nas tentativas de descolonização do museu.

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Biografia Autor

Marcela Pedersen, Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade, Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto, Porto, Portugal

Marcela Pedersen é doutoranda em Educação Artística pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, bolseira de doutoramento pela Fundação para Ciência e a Tecnologia (Ref.: 2022.10957.BD) e investigadora integrada não-doutorada no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade. Tem mestrado em Ciências da Educação pela Universidade do Porto e licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista. É integrante ativista do Núcleo de Imigrantes das Belas Artes da Universidade do Porto. Seus interesses investigativos questionam as possibilidades das práticas de mediação e educação artística, em instituições artísticas e culturais, enquanto reparativas da história colonial, através de lentes anti-discriminantórias e anti-coloniais.

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Publicado

2024-05-27

Como Citar

Pedersen, M. (2024). São Muitas as Possibilidades e Impossibilidades que Habitam Esse Mundo: Uma Reflexão Sobre o Tempo Espiralar e a "35.ª Bienal de São Paulo”. Vista, (13), e024006. https://doi.org/10.21814/vista.5530

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