Comunidade Clubber e o Papel da Moda no Pertencimento: Uma Análise Comparativa das Cenas Paulistanas e Cariocas

Guilherme Pecly; Lilyan Berlim

doi:10.21814/vista.6271

Autores

Guilherme Pecly Departamento de Publicidade, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Rio de Janeiro, Brasil https://orcid.org/0009-0001-0227-2873
Lilyan Berlim Departamento de Design, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Rio de Janeiro, Brasil https://orcid.org/0000-0002-2360-3889

DOI:

https://doi.org/10.21814/vista.6271

Palavras-chave:

moda, clubber, neotribalismo, comunicação, cultura urbana

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar o cenário clubber e sua relação com a moda nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, a partir de uma abordagem comparativa. A pesquisa busca compreender os principais eventos voltados à cena clubber no eixo Rio-São Paulo e investigar como seus frequentadores se relacionam com a moda e com a própria cultura clubber, tendo como base teórica o conceito de “neotribalismo”. As referências centrais utilizadas são os estudos de Maffesoli (1988/2000), Bourdieu (1991/2001), Thornton (1995) e Barthes (1967/1979), que contribuem para entender os processos simbólicos, sociais e estéticos envolvidos.

Para alcançar os objetivos propostos, foram adotados três métodos de pesquisa: observação participante, entrevistas em profundidade e aplicação de survey. A análise dos dados obtidos revela que a moda exerce um papel fundamental na construção da identidade clubber, funcionando como linguagem estética e social. A cena clubber se apresenta como um espaço de experimentação, transgressão e constante reinvenção. Além disso, destaca-se a forma como seus signos e símbolos são apropriados e resignificados pelo mercado, evidenciando uma dinâmica de fagocitação capitalista. Assim, o estudo aponta para a complexidade das relações entre estilo, pertencimento e consumo no contexto contemporâneo das culturas urbanas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Guilherme Pecly, Departamento de Publicidade, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Rio de Janeiro, Brasil

Guilherme Pecly é graduado em Comunicação e Publicidade pela Escola Superior de Propaganda e Marketing-Rio. Participa do Programa e Iniciação Científica — Escola Superior de Propaganda e Marketing 2022/2023, onde obteve reconhecimento por redigir um dos três melhores trabalhos do ciclo.

Lilyan Berlim, Departamento de Design, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Rio de Janeiro, Brasil

Lilyan Guimarães Berlim é doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Federal Fluminense, com foco nas transformações do mercado de moda em relação à sustentabilidade. É consultora de sustentabilidade e novos negócios em moda no Sebrae. É membro do comitê científico do Global Fashion Conference. Docente convidada do mestrado da Escola de Negócios da Universidade de Nottingham Trent (Reino Unido). É docente de cursos de graduação e extensão da Escola Superior de Propaganda e Marketing, Universidade Federal de Juiz de Fora, Istituto Europeo di Design, entre outras. É especialista em mercado de luxo, gestora de cursos relativos ao segmento. Atuou como designer têxtil em marcas do Rio de Janeiro desde 1986.

Referências

Albiez, S. (2005). Post-soul futurama: African American cultural politics and early Detroit techno. European Journal of American Culture, 24(2), 131–152. https://doi.org/10.1386/ejac.24.2.131/1

Arvidsson, A. (2007). Creative class or administrative class? On advertising and the ‘underground’. ephemera: theory & politics in organization, 7(1), 8–23.

Barthes, R. (1979). Sistema da moda (L. de Mosca, Trad.). Editora Nacional; EDUSP. (Trabalho original publicado em 1967)

Bennett, A. (2011). The continuing importance of the ‘cultural’ in the study of youth. Youth Studies Australia, 30(3), 27–33.

Berlim, L. (2016). Transformações no campo da moda: Crítica ética e estética [Tese de doutoramento, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro].

Boni, V., & Quaresma, S. J. (2005). Aprendendo a entrevistar: Como fazer entrevistas em ciências sociais. Em Tese, 2(1), 68–80.

Bourdieu, P. (2001). O poder simbólico (F. Tomaz, Trad.). Bertrand Brasil. (Trabalho original publicado em 1991)

Braga, G. T. (2018). “O fervo e a luta”: Políticas do corpo e do prazer em festas de São Paulo e Berlim [Tese de doutoramento, Universidade de São Paulo]. Biblioteca Digital USP. https://doi.org/10.11606/T.8.2018.tde-01102018-115157

Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Researchin Psychology, 3(2), 77–101.

Calil, M. A. (2000). O retrato do Nation Disco Club: Os neodândis no final dos anos 80. In J. C. C. Magnani & L. de L. Torres (Eds.), Na metrópole: Textos de antropologia urbana (pp. 196–233). Edusp.

Castro, F. F. de. (2016). O neotribalismo e outras socializações pós-modernas. interFACES, 25(2), 82–99.

Freire, M. M. (2012). Da aparência à essência: A abordagem hermenêutico-fenomenológica como orientação qualitativa de pesquisa. In Educação, pesquisa e prática docente em diferentes contextos (pp. 181–199). Life Editora.

Freitas, H., Oliveira, M., Saccol, A. Z., & Moscarola, J. (2000). O método de pesquisa survey. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, 35(3), 105–112.

Guerra, P., & Figueredo, H. G. (2020). Prosopografias clubbers em São Paulo e Londres: Moda, estilo, estética e cenas musicais contemporâneas. Revista Tomo, (37), 215–252. https://doi.org/10.21669/tomo.vi37.13382

Hebdige, D. (2018). Subcultura: O significado do estilo (P. Guerra & P. Quintela, Trads.). Maldoror. (Trabalho original publicado em 1979)

Huq, R. (2006). Beyond subculture: Pop, youth and identity in a postcolonial world. Routledge.

Lima, M. (2013). Ravers, trancers e clubbers: Valores e comportamentos [Dissertação de mestrado, Universidade de Minho]. RepositóriUM. https://hdl.handle.net/1822/29256

Lorenz, N. (2014). The power of PLUR: EDMC as a reflection of a new generation [Bacharelado em artes, California Polytechnic State University].

Luthans, F., & Broad, J. (2022). Positive psychological capital to help combat the mental health fallout from the pandemic and VUCA environment. Organizational Dynamics, 51(2), 1–13. https://doi.org/10.1016/j.orgdyn.2020.100817

Maffesoli, M. (2000). O tempo das tribos: O declínio do individualismo nas sociedades de massa (M. de L. Menezes, Trad.). Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1988)

Marques, C. da S., & Rosa, R. (2016). Música e moda hip-hop: Consumo, resistência e formação identitária de sujeitos de periferia. Revista Eco-Pós, 19(3), 336–350. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v19i3.1385

Melo, R. A. U. L. (2007). Banalização do consumo de ecstasy. Consequências para uma abordagem preventiva. Revista Toxicodependências, 13(1), 29–42.

Mónico, L., Alferes, V. R., Castro, P. A., & Pereira, P. (2017). A observação participante enquanto metodologia de investigação qualitativa. Investigação Qualitativa em Ciências Sociais, 3, 724–733.

Quintas Froufe, N., & Quintas Froufe, E. (2010). La dimensión comunicativa de la moda: Apuntes del caso español. ZER. Revista de Estudios de Comunicación, 15(28), 197–212. https://doi.org/10.1387/zer.2362

Sabóia, R. (2009). Periferia eletrônica: Clubbers e cybermanos na cidade de São Paulo. Eco-Pós, 6(2), 73–85. https://doi.org/10.29146/eco-pos.v6i2.1134

Santarelli, C. (2003). A moda tribal e seus aspectos comunicativos. ReMark-Revista Brasileira de Marketing, 2(1), 95–104. https://doi.org/10.5585/remark.v2i1.76

Santos, W. A. dos. (2019). A relação paradigmática entre individualidade e socialização: O entrelaçamento entre os conceitos de moda, modernidade e liberdade no pensamento de Georg Simmel. Caderno Eletrônico de Ciências Sociais, 7(1), 107–124.

Simmel, G. (2008). Filosofia da moda e outros escritos (A. Mourão, Trad.). Editora Texto e Grafia.

Thornton, S. (1995). Club cultures: Music, media, and subcultural capital. Wesleyan University Press.