As Reconfigurações na Televisão Brasileira e as Novas Dinâmicas Comunicacionais: Um Estudo Sobre a Plataforma de Streaming Globoplay
DOI:
https://doi.org/10.21814/vista.4438Palavras-chave:
hipertelevisão, Globoplay, streaming, televisãoResumo
Este artigo tem como objetivo discutir aspetos relacionados ao contexto do declínio da televisão numa aproximação dos estudos televisivos latino-americanos com outras teorias a respeito da televisão. Neste estudo, focamos nossa discussão na Globoplay, plataforma de streaming do Grupo Globo — o maior conglomerado mediático brasileiro. A nossa análise investiga o projeto de resgate de telenovelas antigas do Grupo Globo como estratégia mediática e mercadológica da plataforma de streaming. A partir de uma discussão teórica, o estudo acredita que a televisão brasileira tem encontrado formas de garantir a sua existência por meio da plataformização. A partir da premissa de que o grande trunfo da televisão seja a sua função socializadora, este estudo questiona se a televisão está a perder esse aspeto em detrimento das novas culturas mediáticas. De facto, observamos que a TV social e a cultura participativa empregam elementos que agregam e reconfiguram essa atual fase da televisão, descrita como uma hipertelevisão por alguns autores, como Scolari (2009). Com isso em mente, estamos a assistir não ao declínio da televisão, mas à sua nova essência. Além de mobilizar o consumo, a volta das novelas antigas promove nas redes sociais a socialização da nostalgia coletiva gerada por essas produções. O presente artigo evidencia como a plataforma explora essa relação recíproca entre nostalgia e cultura da convergência para se consolidar no cenário do streaming brasileiro. Diante desses apontamentos, acreditamos que a memória afetiva desempenha um impacto considerável nas estratégias empregadas pela plataforma, de modo a funcionar como um mecanismo rentável e eficaz para a sobrevivência da televisão brasileira.
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