Preservando a Memória das Pedras

Autores

  • Hugo Aluai Sampaio Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2pt), Universidade do Minho, Portugal
  • Ana M. S. Bettencourt Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2pt), Universidade do Minho, Portugal
  • Manuel Santos-Estévez Laboratório de Paisagens, Património e Território (Lab2pt), Universidade do Minho, Portugal
  • José Moreira Universidade do Minho, Portugal
  • Henrique Cachetas Universidade do Minho, Portugal
  • Aléssia Barbosa Universidade do Minho, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.21814/vista.2999

Palavras-chave:

fotogrametria, afloramentos, sociedades pré-históricas e pré-modernas, gravuras,

Resumo

Para as comunidades do passado o mundo “físico” seria entendido como cheio de propriedades significantes. No seguimento dos trabalhos de Ingold (2000), Bradley (2000, 2009), ou Scarre (2009), o que hoje vemos como material inerte seria considerada “viva”. Essa será a presente perspetiva de abordagem. Certos afloramentos naturais estão associados a lendas ou crenças muitas vezes ligadas a criaturas mágicas ou estranhas “habitando” no seu interior ou “vivendo” entre eles o que, em muitos casos, converge na determinação de um lugar com denominação. Tal como as pessoas, os afloramentos podem ser vistos como entidades que podem e fazem a diferença, atuando como agentes que corporizam significados e histórias (Tilley, 2002, 2004), consequentemente passados ao longo de gerações.
Durante a Pré-História alguns afloramentos foram gravados com motivos; outros, pela sua forma peculiar ou estranha, formaram parte de mitos históricos e de folclore. Em ambos os casos os afloramentos funcionaram como contentores de memória.
Pretende-se focar a importância da fotogrametria e do registo tridimensional deste tipo de património cultural (frequentemente em risco de destruição), mostrando o potencial desta ferramenta na inventariação e no estudo deste tipo de lugares de memória.
Muitos casos de estudo apresentados foram objeto de análise em diferentes projetos, desenvolvidos de acordo com metodologias da Arqueologia e Antropologia Cultural aplicadas ao Noroeste da Ibéria.
Este tipo de trabalho é fundamental tendo em conta a interpretação e o entendimento do papel dos afloramentos para as sociedades humanas e o seu contributo para a construção das paisagens pré-históricas e presentes.

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Publicado

2018-06-26

Como Citar

Aluai Sampaio, H., M. S. Bettencourt, A., Santos-Estévez M., Moreira, J., Cachetas, H., & Barbosa, A. . (2018). Preservando a Memória das Pedras. Vista, (2), 148–163. https://doi.org/10.21814/vista.2999